quarta-feira, 14 de julho de 2010
A Copa do Mundo acabou, o Brasil decepcionou e fica a indagação: depois do baixo desempenho da nossa seleção é hora do jornalismo esportivo brasileiro abrir espaço para outras modalidades?
![]() |
Seleção feminina, campeã olímpica em Pequim 2008 |
Nos últimos anos, o futebol brasileiro não tem conseguido grandes resultados. Conquistamos o penta em 2002 e nas últimas duas Copas, amargamos eliminações precoces nas quartas-de-final.
Mesmo com os cofres abarrotados (10 patrocinadores e R$ 220 milhões em 2010), a CBF não consegue resgatar o prestígio do melhor futebol do planeta.
Mesmo com os cofres abarrotados (10 patrocinadores e R$ 220 milhões em 2010), a CBF não consegue resgatar o prestígio do melhor futebol do planeta.
E o vôlei? Nos últimos anos, ele não para de crescer.
De 8 anos para cá, mesmo tempo do último título na Copa, são várias as conquistas: ouro e prata olímpica no masculino indoor, ouro e bronze olímpico feminino indoor, ouro e prata olímpica masculina no vôlei de praia e mais uma prata feminina no vôlei de praia.
Vale lembrar que nunca fomos campeões olímpicos no futebol.
E, além das Olimpíadas, ainda nesse período, temos 6 títulos na Liga Mundial Masculina (com chances do 7º daqui a alguns dias), 5 no Grand Prix Feminino, 1 no Campeonato Mundial do Vôlei de Praia, 11 no Circuito Mundial de Vôlei de Praia (entre homens e mulheres), além de várias premiações individuais.
Mas, tantos resultados expressivos não condizem com a realidade do esporte.
O vôlei, mesmo sendo o segundo esporte mais popular do país, carece de apoio. Em 2010, o vôlei de praia, modalidade mais esquecida, contou com apenas três transmissões em TV aberta. O desafio 4x4, a final masculina e feminina do Circuito Mundial de Brasília e só!
Por conta disso, os patrocínios desaparecem. O salário mensal de um jogador de seleção de futebol daria para bancar as despesas de uma dupla quase que o ano inteiro. Há jogadores que se esforçam para levantar R$ 300 mil anuais para viagens, hospedagens, salários de comissão técnica, etc. O que são R$ 300 mil para o futebol? E o pior é que muitos tentam, mas nem todos conseguem essa quantia.
![]() |
Márcio e Fábio Luiz e a surpreendente prata em Pequim |
Triste ver Maria Elisa, rainha da praia 2010, chorando um patrocínio para Vivian, sua parceira na decisão.
Até o melhor jogador do mundo em 2008, Harley, sofreu com a falta de patrocínio no início de 2009.
No indoor, a realidade é a mesma. Clubes vêm fechando as portas por falta de dinheiro. Osasco, vice- campeão da Superliga 2009, esteve prestes a encerrar suas atividades. Brasil Vôlei tentou, não resistiu e chegou ao fim.
Exemplos de desvalorização não faltam. E isso porque é o segundo esporte do país. Imaginem os outros?!
Criticar a ausência de uma medalha feminina no vôlei de praia em Pequim 2008 é fácil, difícil é ir além e analisar a situação.
Sou super patriotista, adoro futebol, mas acho que esse cenário esportivo que foca só os gramados precisa mudar. Tem até melhorado um pouco nos últimos anos, mas está longe de ser o ideal. É preciso mais vôlei na TV aberta. Duvido que a audiência vá ser tão ruim assim. É preciso mais patrocínio, visibilidade e reconhecimento.
É preciso enxergar que o esporte de um país é muito mais que uma Copa do Mundo.
É preciso enxergar que o esporte de um país é muito mais que uma Copa do Mundo.
Aos otimistas como eu, fica a esperança que em 2014 tenhamos o hexa da seleção aqui no Brasil e que nas Olimpíadas Rio 2016 tenhamos também uma estrutura que permita muitos ouros para o vôlei brasileiro.
Sensacional Juliana! Espeso sinceramente que um dia esse cenário mude! desde do volei até ao badmilton por exemplo...
Excelente....
Muito bom o post.. Parabéns!
Concordo com o que disse em cada linha.
Muito, mas muuuito bom o texto!!! Arrasou! Disse tudo q sempre pensei. Parabéns!
Concordo plenamente com o que falou, sou do RS e aqui essa situação é mais critica ainda... A gente tem que começar a mudar isso dentro das Universidades, porque os que estudam, pelo menos a maioria vão para o futebol...
Eu fui para o vôlei, mas a unica...
Parabéns!!!
Juliana, faço das suas as minhas palavras. Espero que com a Olimpíada em 2016, a estrutura e a mentalidade esportiva do país mude para melhor. Não só pelo vôlei, mas para todos os esportes
Parabéns! Desejo que sua reportagem ganhe força e chegue ao conhecimentos de todos.
O mundo espera, 4 anos, pra uma COpa do Mundo...ao término, ou mesmo no meio da competição, começam as decepções...e por fim, acaba criando um clima de revolta em milhões;o fato é q: Copa do Mundo não é tudo!!!!!!
É o esporte que gera mais cifras em dinheiro.
Espero q os atletas de volei e tantos outros esportes, seja valorizados, igualmente como os de futebol...
Otima materia Juliana!
Muito bom post, Juliana! Espero que as pessoas consigam ver dessa forma, e que a mídia saiba valorizar os esportes em que somos verdadeiros campeões!
Boa sorte, e continue postando matérias excelentes como esta!
Excelente texto!! Triste realidade. Mas tenho esperanças que um dia isso mude. Nossos voleis não precisam de mega fortunas nem de jogadores celebridades, apenas de visibilidade, reconhecimento e patrocínio.
Parabéns pelo post.
Legal sua matéria Jú!!!
Além do Governo Federal,acredito que a maior culpada por esse abandono das demais modalidades de esportes,seja as Organizações Globo.
O pior é que durante as olimpíadas,por exemplo,o que não falta é comentaristas para descer a lenha e cobrar desempenho dessa galera de esportistas que passam até fome para lutar pelo sonho de representar o país.
Como diria o Bedendo,você teve uma brilhante percepção dessa realidade!!!
Pessoal, quero agradecer a todos pelos comentários, twittes e e-mails que recebi.
Que bom que tanta gente que pensa como eu. Fico impressionada com o número de apaixonados por vôlei nesse país. E que bacana que temos a internet para nos unir.
Essa é a ideia: fazer do blog um espaço para que possamos discutir, opinar, comentar e valorizar esse esporte que tanto gostamos. Se os meios de comunicação de massa não ajudam, vamos nós mesmo fazermos a notícia.
Mi, aqui na região onde moro a realidade é bem parecida com a do seu estado. O time de vôlei da universidade onde estudo sofre muito com a falta de patrocínio. A mentalidade dos empresários daqui é péssima e nem mesmo o futebol é valorizado.
Flavinho, concordo com você. Além da quantia monetária, o vôlei necessita de reconhecimento.
Pois é, Wilian. A Sra. Rede Globo e a imprensa como um todo tem sua grande parcela de culpa nesse abandono. Fico indignada com as críticas pós-olimpíadas. Os narradores mal sabem o nome dos atletas e depois pensam que têm o direito de cobrar alguma coisa. No Pan 2007, por exemplo, o Galvão não dizia nenhuma informação certa sobre Juliana e Larissa na grande final. Nem mesmo o sobrenome da Larissa ele sabia (ora falava Franca, ora França). Acho que esse é o barato da faculdade de jornalismo. Ter a oportunidade de desenvolver essa consciência crítica das coisas.
Filipe, Paulo, Beto, que esse esporte maravilhoso e que é o trabalho de vocês consiga ter o valor que merece.
Janayna, Adalcina, Luciana e Maria Clara, obrigada pela opinião de vocês. Fico muito feliz com esse feedback.
Enfim, a todos vocês, muito obrigada!
E sintam-se à vontade para opinar, sugerir e/ou críticas. O espaço é de vocês.