segunda-feira, 20 de junho de 2011
Passada a euforia das vitórias, com a adrenalina bem mais controlada, volto novamente a escrever sobre os dois ouros brasileiros conquistados ontem na Copa do Mundo de Vôlei de Praia em Roma.
E por mais que me esforce para não fazer esse tipo de comparação forçada entre vôlei e futebol, sempre acabo encontrando argumentos que me induzem a mudar de ideia e expor meu pensamento crítico em relação à gritante disparidade entre as duas modalidades.
Em 2010, nessa mesma época, a seleção brasileira de futebol disputava a Copa do Mundo da África do Sul. Não éramos os favoritos, mas contávamos com os badalados Robinho, Júlio César, Kaká, Luis Fabiano... Por ser Copa e envolver a grande paixão do torcedor brasileiro, espaço na mídia não faltou: rádio, TV, jornal, internet. Por um mês a imprensa esportiva brasileira viveu disso.
Dinheiro e patrocínio não eram problemas à CBF e aos jogadores da amarelinha. Foram 10 patrocinadores e uma receita em torno de R$ 220 milhões, aproximadamente R$ 18 milhões mensais. Além disso, era jogador virando garoto propaganda aqui, expondo outra marca ali e conseguindo facilmente tirar mais um "por fora".
O patriotismo não faltou: crianças pintavam as ruas, adultos espalhavam bandeirinhas pelo bairro, o comércio fechava as portas, tudo em apoio e reconhecimento aos nossos representantes nacionais.
Mas, tudo por tão pouco. Já manifestando a "morte do futebol brasileiro", como publicou uma revista inglesa na semana passada, os escolhidos de Dunga acabaram por colocar fim aquele pequeno orgulho que ainda restava (pelo menos em mim, que desde 2002 perdi o encanto por aquilo que ainda teimam em chamar de seleção).
Dessa vez na Itália, mesmo local onde a seleção masculina de vôlei havia sido campeã mundial poucos meses após o fracasso brasileiro na África, uma outra Copa do Mundo acontecia.
Badalação? Sim, em cima de Juliana e Larissa que, após o título de ontem, passarão a carregar toda a pressão do ouro olímpico nas costas, que se não vier vai ser o maior "vexame" de Londres.
Espaço na mídia? Sim, duas TV's cobrindo. Uma fechada e outra aberta, que só é acessível à quem tem antena parabólica em casa. E, por direitos de transmissão, nada de cobertura via internet nesse segundo canal.
Dinheiro? Patrocínio? Isso é luxo para jogadores de vôlei de praia. Para aqueles que ainda os tem é melhor garantir a sequência de bons resultados para não ver o contrato abruptamente rompido. Para os que nenhum apoio recebem é melhor ir encerrando parceria, vendendo carro, fazendo empréstimo em banco, perdendo preparador físico, técnico e afins.
E mesmo assim, numa situação tão conflitante, eis que temos um novo esporte a nos fazer estufar o peito e cantar juntos com muito orgulho o hino nacional. Um esporte, que por um dia (aliás, dois), ganha espaço no Faustão, no Fantástico, no Jornal Nacional, nas primeiras páginas de jornais.
Para os críticos: "Ahhh, que nada. Foi só uma competição como outra qualquer. Quero ver mesmo é nas Olímpiadas."
Mas, para aqueles que não têm a maligna cegueira futebolística, os ouros de Juliana/Larissa e Alison/Emanuel servem para liquidificar novamente aquela lágrima há tempos escondida em nossos olhos e mostrar que de uma vez por todas o vôlei virou sim o nosso orgulho nacional.
E por mais que me esforce para não fazer esse tipo de comparação forçada entre vôlei e futebol, sempre acabo encontrando argumentos que me induzem a mudar de ideia e expor meu pensamento crítico em relação à gritante disparidade entre as duas modalidades.
Em 2010, nessa mesma época, a seleção brasileira de futebol disputava a Copa do Mundo da África do Sul. Não éramos os favoritos, mas contávamos com os badalados Robinho, Júlio César, Kaká, Luis Fabiano... Por ser Copa e envolver a grande paixão do torcedor brasileiro, espaço na mídia não faltou: rádio, TV, jornal, internet. Por um mês a imprensa esportiva brasileira viveu disso.
Dinheiro e patrocínio não eram problemas à CBF e aos jogadores da amarelinha. Foram 10 patrocinadores e uma receita em torno de R$ 220 milhões, aproximadamente R$ 18 milhões mensais. Além disso, era jogador virando garoto propaganda aqui, expondo outra marca ali e conseguindo facilmente tirar mais um "por fora".
O patriotismo não faltou: crianças pintavam as ruas, adultos espalhavam bandeirinhas pelo bairro, o comércio fechava as portas, tudo em apoio e reconhecimento aos nossos representantes nacionais.
Mas, tudo por tão pouco. Já manifestando a "morte do futebol brasileiro", como publicou uma revista inglesa na semana passada, os escolhidos de Dunga acabaram por colocar fim aquele pequeno orgulho que ainda restava (pelo menos em mim, que desde 2002 perdi o encanto por aquilo que ainda teimam em chamar de seleção).
Dessa vez na Itália, mesmo local onde a seleção masculina de vôlei havia sido campeã mundial poucos meses após o fracasso brasileiro na África, uma outra Copa do Mundo acontecia.
Badalação? Sim, em cima de Juliana e Larissa que, após o título de ontem, passarão a carregar toda a pressão do ouro olímpico nas costas, que se não vier vai ser o maior "vexame" de Londres.
Espaço na mídia? Sim, duas TV's cobrindo. Uma fechada e outra aberta, que só é acessível à quem tem antena parabólica em casa. E, por direitos de transmissão, nada de cobertura via internet nesse segundo canal.
Dinheiro? Patrocínio? Isso é luxo para jogadores de vôlei de praia. Para aqueles que ainda os tem é melhor garantir a sequência de bons resultados para não ver o contrato abruptamente rompido. Para os que nenhum apoio recebem é melhor ir encerrando parceria, vendendo carro, fazendo empréstimo em banco, perdendo preparador físico, técnico e afins.
E mesmo assim, numa situação tão conflitante, eis que temos um novo esporte a nos fazer estufar o peito e cantar juntos com muito orgulho o hino nacional. Um esporte, que por um dia (aliás, dois), ganha espaço no Faustão, no Fantástico, no Jornal Nacional, nas primeiras páginas de jornais.
Para os críticos: "Ahhh, que nada. Foi só uma competição como outra qualquer. Quero ver mesmo é nas Olímpiadas."
Mas, para aqueles que não têm a maligna cegueira futebolística, os ouros de Juliana/Larissa e Alison/Emanuel servem para liquidificar novamente aquela lágrima há tempos escondida em nossos olhos e mostrar que de uma vez por todas o vôlei virou sim o nosso orgulho nacional.
cara parabens, parece até que vc colocou tudo que eu tava afim de falar na midia, mais como sou um simples cidadão, não rola mais concordo com tudo que vc colocou, o brasil não é mais pais do futebol e sim do volei, agora por conta do monopolio de certas emissoras que disrespeitam seus telespectadores e o povo brasileiro, como aconteceu no ultimo jogo da seleção de volei, que tinha muita gente afim de assistir e não podia por conta de uma corrida ficamos nos twiteiros so escutando mais com uma qualidade e se não fosse esse canal tava estressado p/ caramba..rsrsr sou amante do volei quem quizer dar opnião ou lutar a favor do volei o meu twitter @flaviodiogos. obrigado.
Isso ai Ju falou td, assino embaixo...quem sabe aos poucos vamos conseguindo tbem ser campeoes em dá valor a atletas q realmente honram nosso pais e a outros esportes que n o futebol...nada contra ele e os futebolisticos. Brilhantes palavras...e que venha Londres para de vez firmar o dominio em outros esportes, afinal teremos pela frente eventos que a nossa mídia precisará valorizar e nos brindar com belas transmissoes de outros esportes, deviam ja se preparar melhor p isso, tendo transmissoes de outros esportes, comentarios assim melhor preparados etc...Valeu
Ju, você falou tudo. Sou um apaixonado por futebol, pelo meu clube mas há tempos venho me manifestando contra essa ideia já batida de que somos o "país do futebol". O vôlei, esporte que adoro também, já superou em conquistas o futebol, fato que já merecia ser olhado com mais carinho pela mídia. Lembro que, há uns 8 anos atrás, estava ajudando uma amiga na faculdade a fazer sua monografia e o tema era o vôlei. Mandei um e-mail para vários jornalistas, entre eles o Fernando Calazans colunista de O Globo. Perguntei o porque do vôlei não estar ocupando um espaço maior nos meios de comunicação apesar de suas conquistas tão significativas. A resposta: "O futebol é a paixão do povo e pronto. Não tem como outro esporte ter o mesmo espaço". Foi seco não? Pois é, lamentável isso.
PARABÉNS JULIANA, pelo seu esforço e pelos seus textos. Se precisar de algo estamos juntos e misturados.
Falou tudo...
Concordo plenamente com tudo que você escreveu. É sempre assim, mídia total todos os dias só no futebol, nos outros esportes só nas olimpíadas praticamente, e quando os nossos atletas não ganham medalha são decepção. Decepção é essa mídia brasileira monoesportiva, como querem que o Brasil seja uma potencia olímpica assim? Parabens pelo texto!
Muito bom Juliana!Como já disse as pessoas acima!Falou tdo..
Obrigada pelos comentários, pessoal!
André, há uns 15 dias atrás, fui numa palestra do André Boaventura, editor executivo do Esporte Espetacular, e quando perguntado sobre o porquê de praticamente só se falar de futebol no programa, ele respondeu que é por razão do tempo. Segundo ele, a Globo reserva aproximadamente 3 ou 4 horas semanais aos programas esportivos e, por isso, falta tempo para cobrir as outras modalidades.
Aham...sei. Na minha opinião, quando existe interesse, há sim a possibilidade de explorar melhor essas horas e valorizar outros esportes.
Mas, tudo gira em torno da lucratividade. Por bons anos ainda, o futebol vai ser muito mais rentável para os veículos de comunicação nacionais.
Valeu mesmo pelas opiniões de vocês.
Grande abraço
Ju, parabéns pela sua colocação. Adorei suas palavras.
Sou apaixonada por volei e venho sofrendo mto com essas emissoras por esse motivo.
Tenho conversado com amigos exatamente sobre isso.
A primeira coisa q fiz na segunda foi abrir o jornal Correio do Povo, aqui do RS, pra ver e ler a reportagem sobre nossos guerreiros. Esperava uma manchete a altura do título q significa pra o Brasil, mas o q vi foi um cantinho de uma página do jornal comentando o assunto. Fiquei mais indignada ainda. Pq o volei tem dado aos brasileiros mto mais alegrias q o futebol. Ainda mais quando comparamos salários, patrocínios e por aí vai.
Nossos atletas do volei de praia são verdadeiros guerreiros e merecem toda minha admiração.
Tenho esperança de que um dia essa situação mude e eles sejam valorizados como devem ser.
Jú!
Parabéns por mais um belo artigo!!!
Se todos tivessesem essa sesibilidade como a sua quem sabe um dia todos os esportes brasileiros seriam valorizados.
Grande abraço!!!